segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ó menina, vai dar banho ao cão!

Taberneira encosta-se ao balcão, pousa a mão direita na face e perde alguns pensamentos no domingo adezembrado - O discurso autoflagelatório é um dos nossos problemas genéticos. Quem consegue pensar convenientemente se tem uma consciência dupla: i) nada do que fazes é genial ii) és um génio absoluto.

Alecrim aos molhos - Eu sou o melhor do mundo. Os meus discursos sobre a metafísica são excepcionais. Não há comparação possível. Sou mesmo fora de série.

Taberneira franzindo o olhar e tamborilando os dedos da mão direita - Esta dupla consciência sofre de um mal milenar. Incapacidade para se aceitar a si mesmo e aceitar os outros.

Alecrim aos molhos - Incapacidade para me aceitar? Ó menina, vai dar banho ao cão!

Taberneira com um olhar pensativo e grandiloquente - Logo ou autoflagelação ou eu sou o melhor do mundo. Entre um lado e outro falta o equilíbrio e a harmonia.

Alecrim aos molhos - Gosto mais de política do que de ir à casa de banho.

Taberneira sentindo-se verdadeiramente desgenial - Soçobra a inveja e a mediocridade. Para mudarmos o estado da arte teremos por começar de aceitar que somos afinal tão bons ou medíocres como os outros.

Alecrim aos molhos trocando pensamentos por miúdos - Querida, sinto um ardor invadir-me o rosto. Apetece-me abraçar-te. Envolver-te num contrabando repleto de palavras.

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails