sábado, 3 de dezembro de 2011

O senhor primeiro-ministro falou na televisão

O senhor primeiro-ministro falou na televisão. E a criança continuou a brincar no chão da sala. Construiu um castelo. Invadiu o adversário. Derrotou o inimigo.

O senhor primeiro-ministro mostrava-se inquieto e sério. A criança dava uma cambalhota com o soldado de plástico. Escondia o pirata. Embelezava o quadro com uma flor. Uma carruagem perdida no meio dos brinquedos.

O senhor primeiro-ministro procurava ideias contrárias para rebater a seriedade sarcástica do entrevistador. A criança fazia de conta que quem visita o pirata era um corsário amigo. Depois devastava o barco do inimigo, outrora amigo.

O senhor primeiro-ministro está convencido que há demasiados monopólios no país. O Vasco que o Estado Social só sustenta a classe média. A criança está com fome e exibe a voz de tenor. O pirata fica irritado. A flor caiu-lhe da lapela.

O senhor primeiro-ministro é um homem que tem mulher e filhos e amigos e amigos de amigos e conhecidos e desconhece que as crianças também gostam de brincar na hora de ponta da austeridade.

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