sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A metafísica da política

A velha versão conservadora de manter o "exército" ocupado com a sobrevivênicia parece ser a estratégia de construção da nova europa. Antes demais há que manter o exército ocupado com a sua parca sobrevivência económica e diminuir-lhe as fontes de rendimento.
Entretanto as instituições responsáveis pela educação e formação de jovens e adultos continuarão a cumprir as necessidades de educação e formação da boa sociedade, em que continuará a imperar a narrativa da obediência a um comando central.
A maior parte das instituições de educação e formação ainda não se aperceberam que o comando central mudou (Estado->UE), embora para o novo comando (UE) a escola continue a ser a instituição de referência para a educação e formação do exército para as fileiras da reindustrialização da Europa.
Nos países centrais a indústria será integralmente substituída pela financeirização, tecnologização e subida do nível de vida e salários que exigem um exército altamente qualificado e preparado para estar em permanente "reactualização".
Nos países periféricos assistir-se-á ao regresso da industrialização e depredação dos recursos naturais, bem como dos baixos salários e do aumento do número de horas de trabalho, para além de um controlo apertado ao crédito bancário.
A escola pública em Portugal continuará a formar um exército obediente, provavelmente com níveis diferenciados de exigência. Nas regiões mais pobres e reindustrializadas uma escola pobre em conteúdos educativos e culturais e forte na formação profissional. Nas regiões mais ricas (grandes cidades) uma escola competitiva e fortemente punitiva, onde imperará certamente a lei do mais forte, económica e socialmente falando.
A escola dual manterá o status das elites político-económicas e dela sairão (i) largas fileiras para um mercado de trabalho com baixos salários e níveis de vida a nível de sobrevivência; (ii) pequenas fileiras para os lugares do funcionalismo público subserviente a Bruxelas e aos humores do mercado.
As lutas fratricidas que assistimos nos media parecem estar a contribuir para a restrição das capelinhas político-económicas. Em Portugal o virar da página significará um século XXI mais evoluído em termos de infra-estruturas, mais restrito em termos de direitos e uma lógica de pensamento um tanto semelhante à primeira metade do século XX. Os traços de pensamento puritano, discriminatório, com tiques de autoritarismo e mesquinhez continuarão a ser a principal marca das nossas elites político-económicas, cuja diferenciação ideológica se restringirá à luta em Bruxelas pelos melhores lugares.
As corporações caracterizam-se por uma grande habilidade em preservar o melhor lugar para os seus e, portanto, se este cenário se concretizar nada disto nos deverá surpreender.

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