quinta-feira, 8 de setembro de 2011

UM CONCELHO ONDE REBENTAM ÁGUAS


Esta condição insular, colocada apenas nos mapas da geografia, e por mais proximidade que a tecnologia proporcione,  afasta-me fisicamente os olhos dos ares serranos de Penacova.
Depois, quando se dá um regresso, percebem-se os espaços e o que neles muda ou o que neles se acrescenta para a mudança.
Percebi que vai nascendo, no meio da mata de eucaliptos, a exploração da "Água das Corgas", de cara voltada a Sazes do Lorvão.
As "Corgas", no meu imaginário de criança, era um local quase distante, sombrio e húmido porque virado ao norte, cheio de árvores e algum mistério e onde se bebia uma água muito boa, sim senhor, rezavam algumas "lendas" que era "quente e insossa" porque muito antes haveria por ali um vulcão e era também e por isso, rica em enxofre.
Era também lá que majestosas cerejeiras se pintalgavam de vermelho em Maio e Junho e a romaria dos miúdos de Telhado (a minha terra) e Sazes era certa, mesmo que de lá trouxéssemos algumas vezes, uma barriga com dores de caroços e alguns sprints à frente dos donos das cerejeiras...
Portanto, está Penacova entregue às águas, que rebentam das suas encostas, como se Penacova, ela própria, estivesse grávida, entre lençóis de água.
Estranha ironia esta, numa terra onde o vinho sempre foi mais rei!

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem escrito o seu texto. Gosto desta forma mais curta da sua escrita.
Parabéns!

João A.

Anónimo disse...

Lá está o A. Luís com as metáforas que tanto critica nos outros...

Anónimo disse...

Os meus parabéns... Apenas a realidade do que foi e do que é...
Jorge S.

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