quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Está tudo bem!

Esplanada do café Turismo - Agosto de 2012


Este é o meu primeiro post aqui na taberna. Num espaço onde as conversas são acompanhadas com valentes copanázios estou certo que a mente dos escribas que por aqui se exibem sejam acondimentadas com um espírito de "In vino veritas". Sou um ex-penacovense. Digo-o com orgulho! Safa! Quando me passeio pelas terras onde, dizem, Nemésiso descansava a vista, percebo-a melhor. Essa Penacova onde fui nado e criado era a Penacova da Manchete, dos parques campismo cheios de nórdicos a passar férias e a encherem a esplanada do Turismo. O que daí tenho, além dos ilustres e resistentes amigos, são memórias. Umas tristes outras menos.
Se Portugal é um jardim de chico-espertos eu quero dizer ao mundo inteiro que nunca vi canteiro assim. Este canteiro continua florido. E o rio, açude menos açude, areia menos areia, lá continua. a escorrer dali para fora.
Este ano, resolvi regressar ao canteiro por duas semanas com um intervalo a meio. E claro, bom mesmo continua a ser sentar-me na esplanada do Turismo a olhar o Mondego. Mau mesmo é vê-la vazia. As nevadas também já não são o que eram. mas o café está mais asseado e "moderno". Até a famosa osga, parece ter-se cansado da parede do Turismo. Não a avistei. Não confirmei se a fonte do porco ainda tem pirilampos...Os "luze-cus", como me ensinaram as pessoas daí.
Rotina diária foi um cafézinho na esplanada onde tantas conversas como estas se tiveram.
Lembro-me de uma vez ouvir um "penacovense" bem sucedido mas que vivia (e vive acho eu) aqui para os lados de Lisboa, estando ele a ouvir a impaciência e ansiedade pela falta de dinamismo dessa terra - conversa que não era com ele, diga-se, meteu-se na conversa. Dizia ele: "Ó meu amigo eu nasci em Penacova e gosto muito de cá vir e ver que isto continua tranquilo para passar dois ou três dias aí na numa das minhas casitas". Eu só não o mandei para... porque fui educado por boas famílias. Mas ainda lhe respondi, do alto dos meus 17 ou 18 anos (ele tem idade para ser meu pai), " e o amigo esquece-se que aqui vivem pessoas e precisam de viver felizes?". E ele respondeu: "sei pois e sei que vivem muito felizes assim por não saberem o que existe fora a daqui, porque COITADAS, mesmo quando daqui saem ou não percebem para que precisam daquelas coisas ou não as entendem. Assim vivem um bocado ignorantes, mas vivem felizes". Isto faz-me lembrar um passado bolorento de que só ouvi falar.
Agora quando regresso aí e me sento ou numa das esplanadas mais bonitas que conheço, lembro-me sempre dessa troca de latim acalorado da minha parte. Mais tranquilo do lado do meu interlocutor.
E não é que agora sou eu que me sinto tranquilo. Devo ter sido eu que mudei.

Alípio Padilha

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei do texto, caro Alípio e partilho a sua visão. E acho que vai ficar bem na equipa de tabereinros.

Anónimo disse...

Mais um. Já cá faltava esta visão iluminada, não pelos luze-cus, mas por alguma substância menos lícita.
Cada vez que um tipo como tu sai de Penacova mais eu gosto da minha terra.

Anónimo disse...

Grande imagem! há aqui trabalho.

Pedro Amaro (casal misarela)

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