quinta-feira, 12 de julho de 2012

Se fosse vivo, António José de Almeida seria socialista ou social-democrata?


A I República é um dos pedaços mais interessantes da nossa História Contemporânea. Desde a forma aventureira e quase romântica como os republicanos derrubaram a monarquia em 1910 (depois de terem já experimentado o sabor do poder no município de Lisboa), passando pelo fascinante desassombro na governação do país, até ao arremedo de ditadura fatalmente ensaiado por Sidónio Pais, aconteceu praticamente tudo em década e meia de experimentalismo republicano, incluindo uma guerra mundial.

Não cabe aqui, obviamente, uma minuciosa viagem por tudo quanto aconteceu entre 1910 e 1926, mas há figuras e factos que nos merecem atenção particular e que nos empurram até para um compensador mergulho neste desinquieto período da nossa História.

Por exemplo, a tenacidade e determinação dos republicanos no corte que fizeram com o Portugal analfabeto e (quase) medieval que tinha entrado tranquilo pelo século XX dentro, ainda hoje impressionam.

O voluntarismo apaixonado e militante de Afonso Costa é qualquer coisa de incomparavelmente intrigante. Foi o homem mais audaz da I República, pela ousadia e coragem com que rasgou o trilho que achava necessário a Portugal, mas foi também o político menos consensual. A ala mais radical do republicanismo apelidava-o de “racha-sindicalistas”, por ter respondido com força aos constantes levantamentos de trabalhadores do tecido operário lisboeta. Já a Igreja, atemorizada pela laicização da sociedade em curso, pouco dormia e, quando o fazia, o pesadelo recorrente era precisamente Afonso Costa, cuja ação afrontou o poder e o património de uma instituição habituada a parasitar o sistema político. O susto foi tão grande que esta se viu obrigada a criar um milagre nacional (Fátima) para reagrupar tropas e cerrar (cegar?) fileiras.

António José de Almeida era mais homem de consensos. Ou, como se diria hoje, um “peixe de águas profundas”, característica que foi limando com a idade e que lhe valeria mesmo a condição de único presidente a concluir o mandato durante a I República. Criou um partido mais conservador/moderado, por já não se reconhecer nos “excessos” de Afonso Costa, com quem se incompatibilizou tantas vezes. O seu Partido Evolucionista podia já não ter o arrojo e a vontade transformadora das primeiras manhãs da República, mas representava a sua visão pacificadora de um país que já mostrava claro cansaço do incessante rebuliço político.

Se Afonso Costa seria hoje dificilmente enquadrável em qualquer partido do nosso espectro parlamentar, António José de Almeida, por seu lado, assentaria como uma luva num dos partidos do centro, onde conviveria mal, ainda assim, com certos vícios dos que trazem recorrentemente os valores do republicanismo na ponta da língua.

Quanto a uma resposta concreta à pergunta/provocação do título que introduz este texto, não consigo encontrá-la, por evidente dificuldade em descobrir diferenças (na substância e no estilo) entre os dois maiores partidos (contando o número de deputados) do nosso parlamento.

5 comentários:

Anónimo disse...

Não consegues encontrar diferenças? Como é que a educação das crianças não poderia estar pelas horas da morte?

Anónimo disse...

Este texto fez-me lembrar os confrontos entre entre o José Duarte e António Luís no Jornal de Penacova. E faz falta um jornal em Penacova. Tudo que é bom acaba nesta terra. Falta-nos falta um órgao de informação com consciencia critica. Agora só temos sites de divulgação dos eventos da camara.

Anónimo disse...

E tanto que isso te dói, não é?

Anónimo disse...

Isso significa qeu a câmara faz eventos!!!!
IHIHHIHIHIHIHHIH

Anónimo disse...

Penso que com a chegada da República e com a laicização da nossa sociedade ficamos melhor..., só um cego não vê isso!...

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