sexta-feira, 1 de junho de 2012

Manifesto Anti-cidadão


basta pum basta!
um cidadão, que consente não ser escutado por um espião é um cidadão que nunca o foi!
é um valhacouto e um alfurja!
é um vendido, e só pode parir abaixo de zero!
abaixo o cidadão!
morra o cidadão, morra!
pim!
um cidadão sem um espião a cavalo é um burro impotente!
um cidadão sem um espião à proa é uma canoa num rio extinto!
um cidadão que não é digno de ser espiado é um necessitado!
o cidadão poderá saber gramática, sintaxe, medicina, fazer ceias de avental e até saber tudo, mas não ser espiado?
o cidadão que não é escutado é um habilidoso!
            veste-se bem!
usa cueca de algodão!
come lagostim e defeca sardinha!
gargalha entre uma assembleia municipal e uma educacional assembleia
faz tratados contra a inveja
refila contra a imoralidade alheia
enfim, o cidadão não morde na mão que lhe dá de comer
            mas morde no cão!
morra o cidadão, morra! pim!
um cidadão sem claque é um rouxinol dimensionado!
um cidadão sem palmarés é um corredor sem fundo!
e um cidadão sem condecoração é um vaga lume debutante!
um cidadão não precisa disfarçar-se p'ra ser espiado, basta relatar tudo a um amigo de um amigo de um amigo de um espião!
basta andar co'as modas fraldiqueiras, co'as políticas sensoriais e co'as wireless latex!
basta usar carantonha, indelicadinho e usar fato azul marinho com gravatas rugosas!
morra o cidadão, morra! pim!
pois um cidadão, que consente não ser escutado por um espião é um cidadão que nunca o foi!

Anastácio, o poeta
(um favor muito especial a Almada Negreiros)

5 comentários:

VeraC disse...

Taberneira - Sempre quero ver se malham no nosso poeta.
Alecrim aos molhos - Espera dessentada, minha querida, espera dessentada.

Anónimo disse...

Volta Dantas, estás perdoado!

Clara Almeida

Anónimo disse...

Habitue-se Vera C. Aqui costumam malhar em tudo o que mexe.O Alecrim aos molhos fica a anos luz da Vera C...

VeraC disse...

:)

Anónimo disse...

Os meus parabéns pela qualidade do serviço. Têm uma taberna muito original, digna da revista Orpheu.

A. Rosário (Coimbra)

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