CRÓNICA DE UM DEFENSOR NATO DA PAZ

Ontem, depois de limparmos a taberna (é sempre um prazer ver as meninas dobradas de escova na mão a limpar o soalho) fiquei sozinho, madrugada dentro, sentado numa grade de cerveja a meditar sobre os assuntos do mundo e deu-me para escrever num guardanapo que estava mesmo ali à mão. Vai daí, ainda tentei alinhavar umas letras sobre essa coisa da NATO, já que de outro assunto não se fala por estes dias. Aliás, tenho até aquela estranha (mas comum) sensação de que tudo já foi dito e escrito, contra e a favor, sobre uma já tão tratada organização. Perante isto, hesitei em construir um raciocínio à volta de alheias e insignes reflexões. Seria sempre um texto com cheiro a chuva (molhada) sobre um tema tão encharcado pelas penas de gente mais ou menos brilhante.

E foi assim que, quando todos falam da NATO eu optei por escrever sobre a Organização das Nações Unidas, uma instituição cada vez mais secundarizada e ostracizada, quando não mesmo desconsiderada. E com razão, porque, como provarei, a ONU, infelizmente, não tem mais razão de existir.

A ONU resiste, entre muitas outras razões, para facilitar a cooperação em matéria de direito e segurança internacionais, bem como para garantir o cumprimento dos direitos humanos e a realização da paz mundial. Ora, não é isso que faz a NATO em todo o mundo, apesar de ser uma Organização criada e pensada para o Atlântico Norte?

A ONU tem um Conselho de Segurança com supostas responsabilidades sobre a segurança mundial e com suposto poder de autorizar uma qualquer intervenção militar ou missão de paz. Mas não é isso que, antes de todos, faz a NATO, onde achar que os seus interesses (pacíficos, obviamente) estão ameaçados?

A ONU criou também um Comité Contra o Terrorismo (mais recentemente complementado com uma Equipa Especial de Luta contra o Terrorismo), com o mandato de combater o terrorismo onde quer que ele se prepare, desenvolva ou manifeste. Também aqui se trata de um claro desperdício burocrático (que disso não passa) já que é a NATO que nos salva dos terroristas que por esse mundo fora , não sei porquê, estão cada vez mais assanhados contra os valores civilizacionais ocidentais, apesar de tão bem tratarmos as suas reivindicações políticas, territoriais e religiosas. O que querem eles? Que obriguemos Israel, o único país civilizado do próximo/médio oriente a cumprir o Direito Internacional?

Por fim, a ONU nasceu em 1945 para acabar com os conflitos militares, uma idiotice que se compreende apenas pelo idealismo saído do pós-guerra. Hoje está perfeitamente assimilada e interiorizada a ideia (até pelo mais extremoso pacifista, para que possa lutar pela paz) de que o Mundo avança de guerra em guerra. Não se esqueçam que Freud não ficou nada surpreendido com os horrores da I Guerra Mundial, pois achava que “o eu mais profundo do Homem é primitivo e não suporta a civilização, tendo que fazer a guerra de tempos a tempos para a destruir”.

E isso só a NATO nos pode garantir.