Nos poucos momentos em que a taberna não tem clientes para atender e sempre que nenhuma das "meninas" cá do estabelecimento solicita atenção, dou por mim a cogitar sobre a vida política nacional.
Ao contrário do que algumas cabeças desta terra possam pensar, os taberneiros não resumem os gastos do seu trabalho em peças de tricas e fait divers, sobre guerras de compadres ou miúdos numa canja de poderes. Pensam e, felizmente, sem amarras e sempre de forma livre!
E ontem dei comigo a pensar no tremendo dilema que perpassará no espírito de Pedro Passos Coelho (PPC), essa espécie de Sócrates mas, supostamente em bom, relativamente à aprovação do Orçamento do Estado (OE).
Ora toda a gente sabe que o orçamento vai passar, seja ele mau, péssimo ou absolutamente horrível.
Há uma espécie de acordo de cavalheiros para levar esta coisa feita nação à desgraça. A desgraça, entenda-se, não é permitir que Espanha venha por aí abaixo tomar conta do rectângulo, mas sim, o desejo do "quanto pior melhor", com o objectivo de justificar a sucessão de governos que, manifestamente, apenas provam a sua incompetência de forma alternada. Não há argumentação ou dialéctica suficientemente sólida que rebata esta realidade.
O PSD não tem nenhum interesse em deitar abaixo o governo. A intenção é a contrária, isto é, deixar a coisa piorar que, muito provavelmente nas próximas eleições, o poder cair-lhe-á nos braços, sem esforço de competência, antes por desgaste do poder instalado e esgotamento de um político que soube enganar muita gente, infelizmente, durante demasiado tempo.
O dilema do PSD e de PPC e aquilo que lhe causará pânico é, exactamente, o mesmo argumentário de receios que levou à assunção de Barroso em 2002 no pós-pântano de Guterres e que, volvidos 2 anos percebeu onde se tinha metido, zarpando sob a desculpa do "desígnio nacional de chefiar a Comissão Europeia" abrindo portas a Sócrates, um sortudo numa terra de mil azares.
Para terminar, PSD e PPC sentirão o "chamamento" do poder, ensaiando (por obrigação tácita) algo de diferente do status quo instalado. Por outro, convém deixar o PS apodrecer (ainda mais) no poder, acabando com o que resta da dignidade nacional para, das duas uma: o PSD surgir como salvador, carregado em ombros ou; como é costume nos recém-empossados, passar os seus tempos de putativo poder, a desculpar-se (na boa tradição lusitana) do desastre que recebeu em mãos e de que como ele não permite nada sobre nada!
Tudo isto é tremendismo levado ao extremo!
Mau de mais!
6 comentários:
Sócrates está a torcer para que o PSD lhe chumbe o orçamento, pois assim sabe que as culpas da crise serão, pelo menos, repartidas. Aliás eu acho que Sócrates está à espera de um pretexto qualquer para se demitir, já que não sabe governar sem dinheiro para distribuir.
Como já li algures, em França o povo mostra o desgrado enquanto cá vamos para a fila pagar o dispositivo para pagar as novas portagens, refilando entre dentes.
Era a favor de PP chumbar o orçamento, mas reflectindo mais friamente cheguei a conclusão que nada melhor que é aprova-lo, assim Socrates fica isolado e não pode culpar os outros pelas suas más politicas.
Tenho pena da comunicação social não mostrar a verdadeira força dos franceses nestes dias de greve, só pode ser encomenda deste desgoverno com medo do dia 24 de Novembro.
Melhor o Socrates não brincar com o fogo porque antes da GREVE existe a Cimeira da Nato e o povo não dorme.
Meus amigos, podem registar o que vos digo. Sócrates não se apresentará a eleições, seja daqui a 6 meses ou 1 ano. O Homem não sabe correr para perder e vai abandonar o barco, depois de o ter afundado.
Aparecerá daqui a uns anos, contando com a nossa (fraca) memória e candidatar-se-á à Presidência da República, antecipando-se a outras candidaturas da sua área.
E ganhará porque o povo gosta de sofrer.
e, e, e...eghhh uuup e oooohhhhh Sr. António e estas coisas fazem-me lembrar que, que, que casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão...a nossa industria, como ela está? A agricultura, como ela está (tanto produto português prai estragado as custas dos produtos que vêm lá de fora)? Os serviços, como estão? Enfim, uma desgrácia...ooooohhhh menina Alzira, ateste aqui, o copo...gluuupgluuup, gluuupgluuup, aaaaahhhhh...atão vejamos, Portugal é o país com mais acidentes, mas perguntamos ao PS e eles dizem que isso é culpa dos oitros, que eles são uns bons condutores, respeitam o código, fazem uma condução prudente, blalalablalalablalala...perguntamos ao PSD e eles dizem que eles é que são os melhores condutores e que os oitros é que são uns aldrabões, blalalablalalablalala...e, e, e...eghhh uuup e o Povo vai lá intender isto...olhe, odespois dos dois não se terem intendido a sós, parece que agora foram todos para uma tasca em força lá na capital para acertar as contas, enfim, Deus queira que se entendam...mas essas coisas orçamentais, ou lá como lhes chamam, são muuuto complicadas, só os Srs. Drs. alcançam...olhe Sr. António, vinham todos aqui pó seu estabelecimento, bebiam uns tintos de 13,5º da colheita do Acácio Biras de Sazes (que, que, que não é com ginjinhas que lá vamos) que as meninas servem com agrado pelas mesas, acertavam as contas, não faziam esses espectáculo que praianda e saiam amigos na mesma...gluuupgluuup, gluuupgluuup, aaaaaahhhh...
O Passos Coelho é um joguete nas mãos dos barões do PSD Nacional. Um pouco como cá no concelho, em que Catela faz o trabalho, sabendo que nunca vai ter posição de destaque, e depois serão os barões, ou na minha opinião, barõezitos a aproveitar-se disso.
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