quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Relatos de uma viagem à Jamaica

O texto que escrevemos sobre a Jamaica não pretende ser um relato sociológico sobre as virtudes ou defeitos do capitalismo predador nos países pobres. Apesar das consequências de uma economia cujo modelo de desenvolvimento está assente no turismo massificado ser óbvia, como se poderá constatar no relato abaixo. O relato foi escrito numa perspetiva meramente subjetiva, mas com algumas ambições de objetividade, dão o recurso a dados concretos, através das fotografias (não editadas) e valores dos preços dos serviços pagos.

A Jamaica é um país pobre a viver do turismo massificado em hotéis de luxo e resorts. O salário médio de um profissional auxiliar (limpeza de quartos e afins) de um resort ronda os 56 dólares americanos (USD) por semana, mas em contrapartida o custo de vida para o turista é proibitivo, poderá pagar por um maço de cigarros a módica quantia de 10,5 USD. 

 Escola pública

As excursões são a preços proibitivos, qualquer coisa como 100 USD por pessoa, mas há sempre uma solução ao dispor, por exemplo taxis cujos  preços são bastante mais acessíveis, quando negociados, cerca de 70 USD por 40 kms (ida e volta) em veículos do género Toyota Hiace, a excursão do operador turístico ficava em 55 USD por pessoa, para uma família sai incomparavelmente mais barato o recurso ao taxi. Os taxistas são uma boa aproximação à cultura local, mas não deveremos perder de vista as suas tentativas de extorquir indiretamente dinheiro extra, como por exemplo a ida à taberna do amigo X, as lembranças compradas no local Y, etc. O preço das lembranças no comércio turístico são bastante acima do praticado no aeroporto, por exemplo um álbum de fotografias custa 25 USD nos locais turísticos e 10 USD no aeroporto. As lembranças terão de ser negociadas exaustivamente, uma ida às compras poderá ser um momento extenuante, para quem detesta negociação e pagar acima do preço justo. Nas cascatas, no mausoléu do Bob Marley as entradas são a um preço comparável ao entretenimento ocidental, contudo a gorjeta é quase que uma obrigação, e se entregamos valores abaixo do habitual, isto é qualquer coisa como cerca de 5 eur, é provável que nos devolvam um olhar ofensivo. 

 Praia 

As praias são esplendorosas para quem gosta de água quente, excessivamente quente para quem ama o Atlântico. Os Jamaicanos são pessoas simpáticas, prestáveis, mas a gorjeta está sempre na mira. O turista corre o risco de ser altamente explorado se não desenvolver rapidamente uma consciência Tio Patinhas. A moeda é o dólar jamaicano, mas muito desvalorizada, 1000 dólares jamaicanos correspondem a 10 dólares americanos (USD). 

Os americanos mais divertidos

O turista típico é o americano, esfuziante, por vezes pimba e extraordinariamente competitivo e barulhento, por todo o lado se viam competições, música, vozes altas e gritos de vitória. Os europeus são objetos raros, compreende-se porquê, o europeu típico prefere o descanso e o silêncio. 

 Vegetação e casa

A ilha é composta por áreas extensas de vegetação, rodeiam-nos árvores, flores e vegetação exóticas em estado selvagem e natural.
Os locais turísticos da América central (e outros) teriam sido uma fantástica invenção em prol do descanso se não fossem imbuídos da máxima: Turista? O ser alienígena que deveremos explorar até ao tutano. 
O triunvirato da exploração do turista ocorre devido a três fatores: i) a tentativa de maximização do lucro dos operadores turísticos, cujas ofertas fora do pacote básico são proibitivas, pois ostensivamente exploradoras da bolsa alheia; ii) os baixos salários dos profissionais e cuja exploração é evidente, daí o recurso ostensivo à gorjeta, como forma de compensação de um salário miserável; iii) a exploração do turista através dos preços praticados, seja dos operadores para compensar o preço do pacote básico, seja dos profissionais e do comércio local para compensarem os seus salários.

 Resort

Portanto, caro amigo, caso pense em viajar para um país pobre que vive do turismo previna-se em terra, isto se não quiser ter um regresso equivalente a um descalabro financeiro.

Fotos: Vera Carvalho

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