De
faca na mão direita, entrou na sala de estar determinado. Sentou-se na
secretária do computador e desferiu um golpe baixo. Queria escrever um texto
assassino, que imolasse a escrita ao deus da popularidade e que provasse que o
sangue vende sempre muito bem, nem que para isso tivesse que enganar os seus
leitores.
A
internet, ainda que prove a imparável genialidade humana, não deixa de ser simples
adereço da nossa animalidade, uma extensão sofisticada que esconde a verdadeira
profundidade humana, feita de instintos primários. Daí a nossa propensão
pavloviana para títulos como este, que nos fazem salivar sobre o básico ecrã da
nossa imaginação.
Por
alguma razão Freud não ficou surpreendido com os horrores da I Guerra Mundial.
Para ele, o eu mais profundo do Homem
é primitivo e não suporta a civilização. E por isso faz a guerra para a destruir.
A guerra é assim uma espécie de libertação do colete-de-forças civilizacional
que nos autoimpusemos, pelo que nunca nos livraremos dela. E o mesmo se pode
dizer da violência, da criminalidade…que diariamente acertam o passo com a nossa
humana existência, como que nos lembrando da nossa condição.
Continuamos,
portanto, verdadeiros homens das cavernas, ainda que com melhor aspecto, vestidos
de forma mais elegante e munidos de tecnologia que nos distrai, pelo seu brilho
e funcionalidade, da nossa verdadeira natureza.
1 comentário:
Magnífico texto do nosso taberneiro mistério!... Sempre a colocar as palavras na ferida!!! Efectivamente, o eu mais profundo do Homem é primitivo, e este mais não faz que mascarar a sua verdadeira identidade!...
Que nunca faltem as forças ao “OHomemdasTabernas” para desmascarar muitas das atrocidades que se vão cometendo (a nível local, regional, nacional…e até internacional) em nome dos interesses do Homem!...
Enviar um comentário