quarta-feira, 4 de julho de 2012

Crime hediondo em Penacova


De faca na mão direita, entrou na sala de estar determinado. Sentou-se na secretária do computador e desferiu um golpe baixo. Queria escrever um texto assassino, que imolasse a escrita ao deus da popularidade e que provasse que o sangue vende sempre muito bem, nem que para isso tivesse que enganar os seus leitores.

A internet, ainda que prove a imparável genialidade humana, não deixa de ser simples adereço da nossa animalidade, uma extensão sofisticada que esconde a verdadeira profundidade humana, feita de instintos primários. Daí a nossa propensão pavloviana para títulos como este, que nos fazem salivar sobre o básico ecrã da nossa imaginação.

Por alguma razão Freud não ficou surpreendido com os horrores da I Guerra Mundial. Para ele, o eu mais profundo do Homem é primitivo e não suporta a civilização. E por isso faz a guerra para a destruir. A guerra é assim uma espécie de libertação do colete-de-forças civilizacional que nos autoimpusemos, pelo que nunca nos livraremos dela. E o mesmo se pode dizer da violência, da criminalidade…que diariamente acertam o passo com a nossa humana existência, como que nos lembrando da nossa condição.

Continuamos, portanto, verdadeiros homens das cavernas, ainda que com melhor aspecto, vestidos de forma mais elegante e munidos de tecnologia que nos distrai, pelo seu brilho e funcionalidade, da nossa verdadeira natureza.

1 comentário:

Anónimo disse...

Magnífico texto do nosso taberneiro mistério!... Sempre a colocar as palavras na ferida!!! Efectivamente, o eu mais profundo do Homem é primitivo, e este mais não faz que mascarar a sua verdadeira identidade!...
Que nunca faltem as forças ao “OHomemdasTabernas” para desmascarar muitas das atrocidades que se vão cometendo (a nível local, regional, nacional…e até internacional) em nome dos interesses do Homem!...

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