PONTAPÉ NA ATMOSFERA - VII

Ao balcão aqui da taberna discutiram-se largamente as "marés" de Cristiano Ronaldo e cada um dos presentes botou faladura conforme a quantidade de minis ou taças de tinto no bucho. Alguns testemunhos que se ouviram...

Adalberto Patola, na mesa do canto, ao mesmo tempo que falava das birras do CR7, esmagava de punho fechado as cascas de amendoim e as garrafas das "minis" tilintavam precárias sobre o tampo redondo da mesa que tremia a cada murro na mesa. 

"- Esse fraldicas do Ronaldo? É só dinheiro e milhões e nos intervalos as gajas! Elas chupam-no todo e tiram-lhe a força aos remates...Ou gajas ou bola! Ele que decida!"

Enquanto isso, Belmiro Fonseca, em pé e encostado ao balcão, destilava arrogante que "Ronaldo só joga no Real Madrid porque o Mourinho acerta-lhe o passo e os merengues adeptos fazem-lhe a folha se ele se descaga  nos jogos! Fosse eu selecionador e ele andava direitinho que nem um pêndulo!"

Em silêncio, na mesa do canto, mesmo por baixo da televisão, Joaquim Betesga, com um cigarro por acender no canto da boca que mais não faz do que lhe atrapalhar as sílabas, o filtro meio mastigado e cuspidelas para o chão a espaços, murmura solene: 

"-Só palermas, vocês! Só falam da vida de uns gajos que ganham milhões e vocês são uns borra botas de merda que andam a contar cêntimos no fim do mês e não tem onde cair mortos, oh cara$#o! E preocupam-se mais do que eles. Eu quero é que eles se fo&@m todos, oh cara$#o!"

Manuela Laranjinha, por seu turno, defende Ronaldo com unhas e seios:

"-Oh pá, ele é o maior e é tão lindo, pá! Vocês são é uns invejosos e feios! Parecem carros estampados! São mesmo à portuguesa, só sabem dizer mal. Eu, quando ele não joga tão bem, sim porque ele nunca joga mal, ofereço-me sempre para o consolar. Tenho duas almofadas que trago sempre comigo que se ele um dia quiser, lhas dou sem hesitar!"