Não sei onde estava quando escrevi este texto

Esta nossa bonita e próspera “democracia” foi criada em 25 de Novembro de 1975 e não no dia 25 de Abril de 1974.

Foi com o 25 de Novembro que venceu a ideia de que é perigoso deixar nas mãos do povo as decisões sobre o seu futuro.

Foi com o 25 de Novembro que venceram aqueles que queriam assaltar o Estado em proveito próprio. O saque tem sido tal que nos tornámos num país praticamente inviável, tal é o fartar vilanagem daqueles que nos têm vampirizado. O caso Face Oculta é o mais recente (não o último) paradigma de como alguns roubam os nossos recursos de forma obscena e despudorada, ficando quase sempre impunes.

Foi com o 25 de Novembro que começou a delapidação de tudo que é produção nacional, desde a agricultura à indústria naval.

Foi com o 25 de Novembro que se tornou possível privatizar as ricas e suculentas empresas públicas, ficando o Estado sem esses recursos para assegurar o financiamento daquelas que nunca poderão dar lucro, por terem sido criadas para servir.

Enfim, foi com o 25 de Novembro que se subverteu o sagrado princípio de que o poder económico deve estar sujeito ao poder político.

Pelo exposto, quando se fala na reestruturação do mapa de feriados nacionais, faz hoje mais sentido assinalar o 25 de Novembro, símbolo de uma República moderna e arejada, do que insistir na comemoração do 25 de Abril, sinónimo de bizarrias democráticas e de ultrapassados direitos.

O 25 de Abril acabou. Acabe-se também com o feriado.