quinta-feira, 9 de junho de 2011

ALGEROZ COMENTA SITUAÇÃO POLÍTICA ACTUAL

Jorge Algeroz, o polémico sociólogo da taberna não quis deixar de nos brindar com os seus comentários à situação política que resultou das eleições de domingo.
Recomendamos leitura porque, de facto, Algeroz é grande...
"PS - No meu entender, o PS governou os últimos seis anos, intitulando-se de esquerda e praticando política com laivos de direita. Sociologicamente, trata-se de uma degeneração sustentada pelos mecanismos básicos da obtenção e manutenção de poder, sendo que Sócrates foi uma espécie de "rei vai nu", oscilando entre um narcisismo evidente e uma prática fundamentada somente num controle dos mecanismos críticos exteriores a si mesmo e que, de facto, lhe permitiram uma espécie de ilusão identitária projectada no país, sem quaisquer extensões práticas e apenas meras ilusões. O fenómeno durou quase seis anos e esbarrou, evidentemente, na total falência do "sistema" criado por ele que não resistiu a um notório aventureirismo e à fatalidade da verdade.
Foi um Primeiro-Ministro que menosprezou o espírito crítico do cidadão. Se é certo que esse espírito adormeceu numa espécie de anestesia colectiva, acordou com os bolsos e as carteiras cheias de nada e abertas para a imensa solidão em que começaram a vegetar, cumulativamente com factores mais gerais como o desemprego e a perspectiva real da bancarrota! Nessa altura, nenhuma retórica, por mais burilada que seja, vence!
PSD - Estranho seria se não capitalizasse a hecatombe da economia. A vitória, sendo clara, deixou evidente que houve desvio de confiança, sobretudo para o CDS-PP. Passos Coelho é um líder desprendido, isto é, não tem  responsabilidades governativas anteriores, logo paira incólume sobre os escombros.
A tarefa que o espera é hercúlea e será, como é óbvio, devidamente balizado por uma opinião pública, media e comentadores muito menos tolerantes do que foram com Sócrates.
CDS/PP - Portas em segunda encarnação governativa, terá a final plataforma para mostrar o que vale. Depois deste governo, restar-lhe-á o vazio. A campanha sorriu-lhe, exagerou aqui e ali, mas no fim venceu. Segundo Portas, pasmemos, teremos um governo de centro-direita com práticas de esquerda, numa demonstração eficaz da falência dos modelos ideológicos estanques.
CDU/PCP - Os comunistas resistem a tudo e ao tempo. Mantiveram a sua dimensão e o seu papel político mantém-se firme sendo que, num governo posicionalmente à direita, sai reforçado, mormente pela crise social e financeira. Contudo, o grau de entendimento da sua acção terá de ser devidamente balizado pela delicadeza da situação e pela fragilidade do encaixe social tanto da "luta", entendida como um obstáculo perpendicular às linhas de acção do governo, como pela própria sobrevivência de uma ideologia e prática políticas de per si!
O papel do PCP, sendo claro não deixa de ter os seus obstáculos...
BE - A federação das "esquerdas modernas" chegou finalmente ao limbo da desordem. O Bloco de Esquerda faz lembrar aquelas peneiras que esvoaçam à voltas das lâmpadas, brilhantes, parecendo perfeitamente orientadas mas que, quando a luz se apaga esbarram cegas nos obstáculos.
Ora os holofotes da comunicação social, ávidos de frases feitas e acções espectáculo, acabaram por sucumbir perante o esgotamento da fórmula, sendo certo que Francisco Louçã é uma daquelas granadas que, explodindo, provocam explosões paralelas por simpatia, acabando de vez com o BE e levando a que a orfandade procure colo no PCP e no PS.
De resto, a política entende-se exactamente da mesma forma substantiva de sempre. Um círculo fechado, com discursos eventualmente diferentes mas na prática ineficazes, não conseguindo ocultar o evidente, ou seja, os interesses instalados determinam as "ideologias" e, em bom rigor, (des)governam conforme as suas conveniências.
Todo o resto é ficção mais ou menos produzida!

9 comentários:

Anónimo disse...

Dr. Jorge Alzeroz mostra-nos, com toda a sua clarividência, a realidade das eleições do último domingo. É muito grande este post, muito grande mesmo...
Parabéns A. Luís pela personagem do Dr. Algeroz, que realça, sem dúvida alguma, duas das tuas grandes virtudes...que são a escrita sublime e a análise crítica das diferentes situações que nos rodeiam. Abraço

Anónimo disse...

Muito bem!
Grande e lucida análise do Algeroz.

Anónimo disse...

Uma análise de fazer corar de inveja muitos dos analistas políticos que se passearam pelas nossas televisões no domingo à noite.

Anónimo disse...

E as meninas da taberna? O prometido é devido...a política só, já cansa. E a questão da quarta colaboradora da taberna? Como está? E o bagaço, esse cão e rafeiro da taberna, onde tem andado? Olhem que os clientes aqui são exigentes e têm sempre razão...

Anónimo disse...

O senhor António Luís ainda acaba como chefe de gabinete de imprensa de um partido que tenha olhos na cara...
Em Penacova não há ninguém que lhe chegue aos calcanhares na capacidade para comentar. De que estão à espera para o contratar?

ToneDaTasca disse...

e, e, e oooohhhh menina Marlene bote praqui um jarro de tinto e uma sandes de couratos faz favor...gluuupgluuup, gluuupgluuup, aaaaaahhhhh...venho estoirado! A minha alma vinha mesmo a precisar deste alento que, que, que só a pinga que as meninas aqui servem me dá. Foi o seguinte menina Natasha, o Zé Sementes de Palmazes convidou, domingo passado durante a feira da Espinheira, aqui o Tone pa orientar a fazenda que ele tem lá pós lados de Midões...gluuupgluuup, gluuupgluuup, aaaaahhhhh...aqui o Tone disse logo que num dava, pois intão o que este homem tem prafazer inté Setembro num dá pramais nada, graças a Deus! Mas num quis deixar o Zé descalço e intão disse-lhe e, e, e...eghhh uuup e venha ali comigo à barraca dos frangos que, que, que agente vai ver se resolve isso. Encontrei porlá o Carlos Brutus de Telhado e o David Macio das Contenças (malta nova, mas cheia de força e habituados às lides agrícolas...) e disse pró Zé aqui tens dois homens capazes de te por a fazenda em andamento e, e, e...eghhh uuup e aqui este amigo ainda te tira dois dias pa orientar esta malta na nova faina...e assim foi. Mas ontem e hoje danei-me lá pa dar conta do recado a orientar o trabalho pa ambos...mas penso que a coisa ficou alinhavada e intendida...gluuupgluuup, gluuupgluuup, aaaahhhhh...agora parece que vão chamar o Alexandre Barbas de Monte Redondo e aquela rapariga brasileira..., a Bárbara Índia que mora ali em Cácemes pra auxiliar na lavoura e nas lides domésticas...gluuupgluuup, gluuupgluuup, aaaaaahhhhh...enfim, agente aqui por as nossas bandas gosta sempre de dar uma mão pra desenrascar um amigo, mesmo que isso nos traga algum prejuízo, pois agente precisa de todos e, e, e...eghhh uuup e nunca se sabe o dia de amanhã. Olhe Sr. António, vamos lá ver como eles se vão amanhar agora lá no novo governo, parece que aquilo anda tenso...mas olhe que eles vão ter de se intender e rápido, pois intão tem de se aproveitar esta onda positiva nos mercados provocada pela mudança (dizem agora lá os intendidos nas finanças que, que, que parece que a nossa situação num é tão grave como oitras ai por essa Europa fora...Deus queira, Deus queira...)...gluuupgluuup, gluuupgluuup, aaaaahhhhh...e que venha um ministro da agricultura que olhe pela lavoura e pela floresta que, que, que isto tá uma desgrácia. Vou indo inté ao pé da minha Ofélia pra comer as sopas e descansar os ossos, que amanhã é mais um dia de labuta...intéamanhã.

Anónimo disse...

Não o podem contratar. Por muito competente que fosse seria sempre apelidade de boy e de lugar politico. Vocês estão doidos?

António Luís disse...

Prezados leitores e leitoras!
Sugiro moderação e ponderação nos comentários.
Os exageros fazem mal à saúde!

Ainda assim, obrigado!

Anónimo disse...

Sou seguidora deste blog. Não conheço o António Luis mas é minha intenção neste momento felicitá-lo por este post. Quando vemos as coisas com alguma isenção o que acontece é que... as pessoas acabam por nos ver com credibilidade. Posts como este são de felicitar. Parabéns e...António Luis deixe-se de modéstias, você desta vez mereceu.

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