terça-feira, 1 de junho de 2010

C. M. PENACOVA PRESTA TRIBUTO A ANTÓNIO JOSÉ D’ALMEIDA

Imagens: Penacovaonline

No ano em que se assinalam os cem anos da República Portuguesa, a Câmara de Municipal de Penacova vai, obviamente, proporcionar aos seus munícipes um conjunto de eventos que permitam evocar os valores do republicanismo e, principalmente, a memória de António José D’Almeida.

Do preito ao nosso maior rosto da República consta, segundo pudemos apurar junto da nossa fonte no Município, uma exposição de telhas e tábuas centenárias, na casa onde nasceu António José D’Almeida, em Vale da Vinha (ver fotografias).

Segundo apurámos, a Câmara de Penacova, apesar de autorizada pelos proprietários, fez questão de não restaurar a casa em questão para não interferir com a arquitectura do edifício e fornecerá capacetes e botas aos turistas interessados em visitar a exposição.

18 comentários:

Anónimo disse...

acho que já chega de tosé almeida...ele é no 25 abril, ele é no feriado municipal, ele é no 5 outubro, ele é quando os partidos entendem. não existe + ninguem?
será que o homem fez assim tanto?

eupenacova disse...

Não andas a dormir pois não? Se ainda perguntas quem foi o Homem...aqui vai!

Nascido em 17 de Julho de 1866, em Vale da Vinha, concelho de Penacova, António José de Almeida estudou no liceu de Coimbra e depois na Faculdade de Medicina da mesma cidade. Está, desde jovem, ligado ao ideário da República. Aos 23 anos já reúne um grupo de estudantes republicanos para comemorarem a implantação da República no Brasil, em 15 de Novembro de 1889. No ano seguinte, o lente da Faculdade de Medicina, Lopes Vieira, escreve sobre ele: "Proponho que os membros da Conferência se comprometam aqui formal e expressamente a impedir a entrada para o Magistério de Medicina do estudante António José de Almeida, quaisquer que sejam as classificações que hajam de lhe ser conferidas, quer agora, quer no quinto ano ou depois - 30-VII-1894". Em resposta, António José de Almeida escreve o panfleto "Desforra", onde faz uma crítica feroz e mordaz a alguns professores e aos seus métodos de ensino. O seu livro, de duzentas páginas, teve um grande sucesso. Depois da oposição ao conservadorismo, António José de Almeida vai ser processado e condenado por ter escrito um duro artigo no folheto "Ultimatum" contra a monarquia dos Bragança, com o célebre título "Bragança, o último". Nesse folheto também colaborara Afonso Costa. Foram julgados em 25 de Junho de 1890 e, nota curiosa, em defesa dos réus estiveram, por Afonso Costa, Magalhães Lima e por António José de Almeida o futuro primeiro Presidente da República Manuel de Arriaga. Afonso Costa não foi condenado, O pai de António José de Almeida assistira, já quase cego, ao julgamento e, nessa noite, numa reunião republicana, dá a sua adesão ao Partido Republicano.
António José de Almeida esteve envolvido na revolta de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, na sequência do "Ultimatum" imposto pela Inglaterra. No dia 14 de Janeiro de 1893, por ocasião da morte de José Falcão (republicano e professor de Matemáticas admirado pelos alunos), vai proferir o primeiro discurso da sua carreira de eloquente orador. No ano seguinte, 1894, funda com mais dois amigos o jornal "O Raio".
Forma-se em Medicina em 30 de Julho de 1895, com a classificação de "distinto". Parte para Angola em Março de 1896 e depois para S. Tomé, onde vai exercer a sua profissão de médico. Regressará a Lisboa no navio "Luanda", em 22 de Julho de 1903. Nesse ano, vai viajar por França e estagiar em clínicas de Paris. De longe não deixa de colaborar no jornal "O Mundo", onde diz qual o programa do Partido Republicano Português.
De regresso a Portugal, vai optar pela vida política, interrompendo a carreira de médico. Entra para a Câmara dos Deputados, onde fará inflamados discursos entre 1906 e 1910. Em 28 de Janeiro de 1908, após uma tentativa de revolução, é novamente preso, no quartel do Carmo. Com ele é também preso o político e médico Dr. Egas Moniz (Prémio Nobel da Medicina em 1949). O comandante da Guarda pergunta a João Franco como deveria tratar António José de Almeida e ele responde: "Como eu desejaria que se procedesse comigo, se um dia fosse preso político".

eupenacova disse...

Mais...
No dia 31 de Janeiro desse ano, sai o decreto que permite a expulsão do território nacional europeu de todos os adversários do governo. No dia seguinte, o rei D. Carlos I e o príncipe herdeiro são assassinados na Rua do Arsenal, junto ao Terreiro do Paço. João Franco demite-se.
No Governo Provisório da República, António José de Almeida é Ministro do Interior (1910-1911). Dirá deste período que, por cada desengano recebido dos homens, mais a fé na República se vincara e penetrava na terra firme das suas crenças. É deste período que lhe devemos a reorganização do ensino médico, a reforma da instrução primária e a reforma universitária, com a criação da Universidade do Porto.
Em Dezembro de 1910, António José de Almeida, com 44 anos, casa com Maria Joana Queiroga, herdeira rica, de quem terá uma filha.
Mais tarde, funda o Partido Evolucionista, saído de uma cisão com o Partido Republicano Português, de que foi líder entre 1912 e 1919. O Partido Evolucionista irá fundir-se, em finais de 1919, com a União Republicana, originando o Partido Liberal Republicano. Em 1916-1917, António José de Almeida - que chega a presidir ao Governo - será Ministro das Colónias.
Em 23 de Novembro de 1914, fez um discurso no Congresso defendendo a entrada de Portugal na 1ª Grande Guerra, caso a Inglaterra o desejasse: "(...) entendemos sempre que, caso a Inglaterra não carecesse do nosso auxílio, nos devíamos dispensar de colaborar com eles nos feitos de guerra, mas entendemos também, e desde a primeira hora, que caso a Inglaterra precisasse de nós, expeditamente, sem relutância e sem desgosto, deveríamos ir ocupar a seu lado o lugar de combatentes efectivos." E apresentava uma fórmula: "Vamos até onde for preciso, mas sendo preciso!"
Durante a presidência de António José de Almeida, Portugal recebeu os reis da Bélgica e o príncipe do Mónaco. Este manifestou ao Presidente o desejo de ir colocar uma coroa de flores no túmulo do rei D. Carlos, gesto com o qual o Presidente, com cortesia, concordou. Em jovem tinha sido acutilante para com a monarquia, mas a maturidade e o cargo tinham-lhe dado uma vi são mais ampla e tolerante da vida politica.
Foi também durante a sua presidência que foi efectuada a transladação dos restos mortais dos nossos soldados, mortos em França e na Flandres, cerimónia de significativo valor patriótico. O túmulo do Soldado Desconhecido passou a ter sempre na Mosteiro da Batalha uma guarda de honra e uma vela acesa como sinal do respeito perene pelos que caíram no cumprimento do dever.
Mas o sexto Presidente da Primeira República também passou por graves dificuldades, sobretudo em 1921, com a revolta de 21 de Maio e os graves incidentes de 19 de Outubro. A Guarda Nacional Republicana tornara-se numa força armada. De 4575 efectivos em 1919, passa para 14341 em 1921. O tenente-coronel desta Guarda chega a chefiar um Governo, mas é afastado, e isso vai desencadear uma revolta. Juntam-se-lhe grevistas, sindicalistas e a Marinha. Derrubam o Governo liderado por António Granjo. Este, depois de ser preso, é assassinado, bem como Machado Santos e Carlos da Maia. Perante a gravidade da situação, António José de Almeida anuncia que vai resignar, mas é impedido, pois urna manifestação enorme pede-lhe que fique. É então escolhido Cunha Leal para formar novo Governo de coligação e marcar novas eleições.

eupenacova disse...

Para terminar...
1922 será, além do ano da histórica travessia do Atlântico pelos portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, o ano da viagem de António José de Almeida ao Brasil, nas comemorações do Primeiro Centenário da independência daquela ex-colónia. É difícil resumir aqui o que foi essa viagem triunfal, de 17 de Agosto a 27 de Setembro. António José de Almeida foi ao Brasil como Presidente da República portuguesa - com uma comitiva composta de inúmeras figuras importantes do jornalismo, da ciência e da política portuguesa - mas os seus dotes de oratória e os inúmeros discursos que proferiu foram também um triunfo pessoal.
Após terminar o seu mandato, em 1923, António José de Almeida retira-se devido a uma doença que o impedia de andar. Um médico de hoje disse-me que ele sofria de gota, uma doença causada apenas pela ingestão de certos alimentos que provocam ácido úrico, que se aloja nas articulações o que provoca dores horríveis impossibilitando de andar. Cura-se apenas com alimentação racional, mas, nesse tempo, nem o próprio Presidente (que era médico) o sabia. Curiosamente o imperador Carlos V sofreu do mesmo mal.
Sentado numa cadeira de rodas, ainda no seu cargo, António José de Almeida continuou a escrever para o jornal que fundara, "A República", recebendo amigos e reitores de liceus com quem gostava de dissertar sobre os problemas do ensino, O primeiro reitor do Liceu Pedro Nunes, Sá e Oliveira, era um dos que o ia visitar lá a casa para se aconselhar com ele. Uma filha deste reitor, Lídia Homem de Gouveia, que conheci bem, disse-me que se lembrava com nitidez da figura do Presidente e como ela se sentia orgulhosa de este lhe fazer uma festa na cabeça, quando acompanhava o pai a casa de António José de Almeida, na Av. António Augusto de Aguiar.
Numa pequena biografia de António José de Almeida, o médico Álvaro Barros Rosa escreve: "Convém desfazer a ideia arreigada no povo de que António José de Almeida era um ateu e um inimigo acérrimo da Igreja Católica, o que não é verdade. Os que o rodearam, ouviram-no dizer, pouco antes de morrer, "Morro cristão, mas não católico". Deixou este mundo em a 31 de Outubro de 1929. O seu funeral foi uma manifestação impressionante de pesar. No dia seguinte o "Diário de Notícias" lançou a ideia de se lhe erigir um monumento. Dos projectos a concurso foi escolhido o do escultor Leopoldo de Almeida e do arquitecto Pardal Monteiro.
Quando, em 1955, o Presidente da República brasileira Café Filho esteve em Portugal, afirmou vir retribuir a visita feita ao Brasil por António José de Almeida.
Foram prolongados, os ecos da sua triunfal viagem...

Achas que é pouco?

Anónimo disse...

Sabes, "eupenacova", para estes senhores, os que fizeram muito por este país, foram Homero Pimentel, Viegas Pimentel, Padre David Marques,Maia Vale, Mário Soares, etc... Tudo filhos de gente rica, alguns exilados em hoteis de luxo em França, a gastar o dinheiro da fortuna dos pais.
Assim também eu era do contra.
Assim também eu fazia revoluções e brincava com a vida dos outros!

Vicente disse...

O Mário Soares?!...
Meu Deus. A história que lhe diz respeito, tratada com o respeitinho do "regime, teria de ser escrita toda ao contrário.

Rogério disse...

O Mário Soares é o maior aldrabão da história recente do país.

Anónimo disse...

este Blog não estará a ser "gerido" pelos que geriam o Penacova sem Mistérios.

Ou a casa de António José de Almeida ficou assim de um dia para o outro?

é que eu tenho lá passado nos ultimos anos e já a vejo assim há muito.

Anónimo disse...

Para o Vicente e Rogério: vocês são uns pobres de espírito.

Anónimo disse...

"bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus"

Mas acho que o primeiro anónimo está ainda mais pobre...em inteligência!!!

Anónimo disse...

Muito bom dia a todos

Porque razão temos de conotar todas as pessoas com o partido A ou B?

Será que cada um não pode dar a sua opinião apesar de não pertencer a qualquer partido?

Será que agora já não se pode chamar a atenção a determinado aspeto que está menos bem, pelas simples razão de já estar assim há muito tempo, como a degradação da casa de António José de Almeida, de alguns moinhos de vento e água, de alguma arte sacra espalhada pelas igrejas e capelas do nosso concelho e tantas, tantas outras coisas que há para fazer....

Vamos ser tolerantes e ver as criticas construtivas como uma oportunidade de melhoria!

Estou a ver que no nosso concelho se está a instalar uma política de incompatibilidade com a critica e isso não é sinónimo de democracia.

A não ser que Penacova esteja a querer uma democracia com ausência de critica (sinónimo de ditadura moderna)!.....

Anónimo disse...

Acertaste na mouche. Uma democracia
à moda de Sócrates. Calar tudo e todos e governar sózinho!

Anónimo disse...

Quando batias no ceguinho antes de 11 de Outubro, também me apetecia dizer coisas parecidas. Claro que a casa, já está assim há muito tempo, prova disso é que a foto é do Penacova on line.Por mim até podia cair porque não é isso que está em causa. Agora tanta coisa com o centenário da República e irem alcatroar um bocado lá à porta, é que não faz sentido.Se a minha casa estivesse a cair alguém a ia arranjar?

Anónimo disse...

Pois se calhar está a ser gerido pelos mesmos, mas para isso tens que ir perguntar ao Prof. Rambo para ele deitar as cartas e adivinhar. Parece que, agora já não estão a gostar tanto deste BLOG, não sei porquê!
As críticas custam tanto a ouvir, não é? Levem isso na brincadeira, porque este BLOG é mesmo só para brincar.

Penacova Online disse...

"Claro que a casa, já está assim há muito tempo, prova disso é que a foto é do Penacova on line."...não percebemos esta dedução...é que estas fotos e outras que o Penacova Online publicou foram tiradas há menos de meio ano.

Penacova Online

ToneDaTasca disse...

e, e, e oooohhhh menina Marlene bote ai um tinto faz favor.....gluuupgluuup, gluuupgluuup, aaaaahhhh.....e, e, e...eghhh uuup e andei a curar o trigo pó Acácio Malheiro do Silveirinho e, e, e...eghhh uuup e disse-me ele que o melhor que faziam era mandar o Sr. Vasco ao local que, que, que ele fazia logo uma oração ao seu Deus e tratava-se logo de acabar com aquilo.....odespois é só mandarem o Sr.º Dr.º o Presidente assinar a papelada......olhe que aquilo ficava bem entregue.....gluuupgluuup, gluuupgluuup, aaaahhhhhh......

Anónimo disse...

Eu,cidadão Penacovense que não votei no actual executivo, venho por este meio exigir que façam no próximos 6 meses o que anteriores nao fizeram em 20 anos.
Exigo tambem que deem cargos de relevo na camara, áqueles/aquelas funcionários/funcionárias que andam a espetar-lhes facas nas costas.

Obrigado.

Anónimo disse...

este comentário é o mais genial que vi aqui nos ultimos tempos:

Eu,cidadão Penacovense que não votei no actual executivo, venho por este meio exigir que façam no próximos 6 meses o que anteriores nao fizeram em 20 anos.
Exigo tambem que deem cargos de relevo na camara, áqueles/aquelas funcionários/funcionárias que andam a espetar-lhes facas nas costas.

Obrigado.

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