terça-feira, 29 de maio de 2012

PENACOVA, 29 DE MAIO DE 2030


Lembro-me de há quase 20 anos os políticos desta terra terem anunciado que estava eminente uma revolução urbana em Penacova, com a retirada dos carros do largo do terreiro, de modo a dignificar o centro da vila e entregá-lo ao bom gosto dos arquitetos paisagistas que haveriam de transformar a vila numa espécie de Meca do design urbano moderno.
Bancos de jardim, espaços verdes, zonas de convívio e rosas senhores, rosas que nada seria como dantes. E dantes era nada. Carros, gente ausente e tudo desarrumado numa mediocridade ignorante que fez escola durante anos a fio, de braço dado com um certo ar sobranceiro dos "donos" da vila...
Hoje, 29 de Maio de 2030, não. O centro da vila é um mimo. Os canteiros onde outrora havia flores e plantas exóticas, foram substituídos por canteiros de cebolas, batatas, tomates e feijão. Deu-se o regresso à terra e sobre os bancos onde outrora as pessoas se sentavam com computadores ao colo, "falando com amigos" em redes sociais, servem agora de pouso a ferramentas com que se cuida a terra.
O esgotamento do modelo de sociedade urbana, consubstanciado nos preços proibitivos de alguns alimentos, na catastrófica atrofia dos salários e na própria sanidade mental dos cidadãos que se foi alimentando de uma certa "vida virtual" presa aos instrumentos tecnológicos portáteis que se democratizaram, obrigou a um regresso à terra, juntando todos esses fatores que poucos previram ou, se previram, preferiram ignorar em nome do pedantismo político que sempre lhes tolheu a visão.
Por isso, hoje, durante o dia, o centro da vila está cheio de gente que vindo tratar das suas coisas ao que resta das instituições que não se mudaram para a capital de distrito, aproveita para cuidar das suas hortas e de noite, onde antes havia ninguém - como quase nunca houve - há agora grupos de cidadãos que se revezam na guarda das suas hortas e do esforço do seu trabalho, protegendo-os da nova criminalidade emergente, alicerçada numa palavra que sempre se foi empurrando com a barriga como surreal e impossível perante os avanços da humanidade: Fome
Curiosamente, observando-os, vejo mais sorrisos nas suas caras!


8 comentários:

Anónimo disse...

O que seria desta terra sem a camara atual?

(Rosado)

Anónimo disse...

Ora cá está mais uma pérola da taberna, e por quem haveria de ser escrita...claro está, pelo suspeito do costume.
Quem souber ler que interprete...o que está entre linhas!...

Anónimo disse...

Mais um lamentável texto do senhor A. Luís,ao estilo que já nos habituou. Não se conhece nada que o senhor tenha feito pela sua terra de que diz tanto gostar e que depois brinda com textos destes.
O anónimo que recomenda a leitura nas entrelinhas deve ser mais um daqueles que se acha mais inteligente que os outros.
Não há entrelinhas há apenas mais um texto que só diz mal das grandes obras que finalmente estão em curso e que por muito que doam a algumas pessoas vão mesmo tornar Penacova numa terra diferente.

Anónimo disse...

O Sr Rosado andou desaparecido durante muito tempo mas regressou (milagrosamente) numa altura em que se avizinha a campanha eleitoral. É o regresso do trauliteiro.

Anónimo disse...

Já outros trauliteiros devem estar prestes a criar um novo blogue que depois desaparecerá "misteriosamente".

Anónimo disse...

Este texto é sublime!
Tudo o que disserem de mau sobre ele tem uma explicação simples: INVEJA. DOR DE CORNO.
E o que é mais grave é que ninguém comenta o que lá está escrito e que pode vir a ser real brevemente...Levam tudo para a porca da política.
Caro Luís, obrigado por nos brindar com esta beleza!

Anónimo disse...

Faz muita impressão tudo o que esta câmara e o PS está a fazer por Penacova. A dor de corno e a inveja são dos laranjas e laranjinhas que já perceberam que não vão ter hipotese em 2013. Vai ser alonga a travessia do deserto. Vão-se habituando.

Anónimo disse...

Veremos camarada, veremos. De qualquer forma a primeira travessia foi tua, e de 24 anos.
Calma a procissão ainda vai no adro!

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