terça-feira, 13 de março de 2012

A liberalização dos bigodes

Sou do tempo da pasta medicinal Couto, do pudim boca doce é bom é bom é e do talvez sabonete Lux. Foram tempos de gente moralmente irrepreensível: o rapaz colorido da cabeleira loura, o sr. Silva salvando a moral candura da família, o O'Neill a interrogar publicitações, o regime masculinizado - algumas mulheres exibiam os seus fartos bigodes -, a massificação da ignorância e alguns filhos e filhas à boca de sino. Na cidade rolavam uns automóveis boca de sapo, uns dois cavalos e uns pão de forma. Eram tempos censuráveis para os progressistas, alguns conservadores pós tradicionalistas e os comunistas.
Os bons velhos tempos regressaram sob a forma de alguns homens providenciais. Uma espécie quase sempre rara e à beira da extinção, mas apta na mercadorização do lixo. Seguem uma fórmula recauchutada, vendem uma ou outra ideia privatizável, o regresso aos bons velhos tempos aráveis, publicam um livro, reposicionam a história e propagandeiam uma maneira fácil de resolver a crise: deixar crescer o bigode.

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails